Cultura e Relações Interpessoais
Representação social
A representação social é um recurso muito importante para se viver em sociedade, isso porque ela engloba explicações, ideias e manifestações culturais que caracterizam um determinado grupo. A representação acontece a partir da interação dos indivíduos e apesar do homem viver num ambiente, ele não perde os atributos típicos de sua personalidade.
A primeira base teórica do conceito foi elaborada por Serge Moscovici em 1961, tendo utilizado estudos na área de psicanálise para chegar às suas conclusões. Para se entender as relações humanas, é necessário fazer uma análise do coletivo, verificando assim a troca de conhecimentos que a representação social é capaz de promover dentro do grupo.
Moscovici ainda afirmou nos seus estudos que existem duas formas de representação social, a ancoragem e a objetivação. A primeira faz referência às ideias abstratas que ganham um formato real, já a segunda desenvolve novas imagens de um assunto e propicia a criação de novos conceitos a partir de um assunto. É válido lembrar que o estudo da Representação social se mostra importante para compreender o avanço da sociedade e o comportamento do individuo inserido num grupo.
Conformismo
O conformismo é uma forma de influência social que consiste na mudança de comportamento ou de atitude, por parte de uma pessoa, devido ao efeito de pressão do grupo social. Por outras palavras, é um processo de adaptação de juízos ou normas, pré-existentes no sujeito, às normas de outro indivíduo ou grupo de indivíduos, como consequência de pressão real ou simbólica por eles exercida. Assim, os indivíduos cedem a essa pressão devido ao desejo de permanecerem integrados, não excluídos do grupo.
Solomon Asch realizou uma experiência célebre, que teve como objectivo conhecer o modo como as pessoas se influenciavam umas às outras.
Identidade social
Segundo Tajfel (1919 – 1982), o psicólogo que iniciou o estudo desta problemática, identidade social é:
“... O conhecimento individual que o indivíduo tem pelo facto de pertencer a determinados grupos sociais e, ao mesmo tempo, as significações emocionais e os valores que estas dependências de grupo implicam para ele/ela. "
O autoconceito implica a pertença a categorias sociais (género feminino, neste caso) e o desempenho de determinados papéis ("boneca", "barbie").
Segundo o modelo de Bristol, associado aos nomes de Tajfel e Turner, a identidade social refere-se a um envolvimento emocional e cognitivo dos indivíduos no seu grupo de pertença e às consequências e expressões comportamentais desse envolvimento no quadro da relação intergrupais.
Na realidade, assim como não percecionamos os objetos de forma neutra, também a perceção que fazemos do grupo a que pertencemos – endogrupo – ou dos grupos que nos são externos ou estranhos – exogrupos – não é isenta de elementos subjetivos, de emoções e avaliações.
Ao julgarmos os outros, sobretudo quando os outros são membros do nosso grupo, estamos também a julgar-nos a nós próprios, por comparação implícita. O conhecimento da nossa pertença a uma categoria implica uma componente avaliativa e emocional no processo de julgamento: o valor que atribuímos ao grupo a que pertencemos é também o valor que atribuímos a nós próprios, enquanto membros desse grupo. Assim, se a avaliação (emocional e cognitiva) que fazemos do grupo a que pertencemos é positiva, a identidade social é positiva e a satisfação é maior. Se desvalorizarmos o endogrupo, a identidade social será negativa.
O exposto quer dizer que há uma certa tendência para percecionarmos de uma forma mais positiva o endogrupo do que o exogrupo. Por exemplo, o nosso grupo de amigos parece-nos “melhor” do que outros grupos de amigos que conhecemos... Esta tendência de sobreavaliação percetiva do endogrupo está na base da discriminação em relação ao exogrupo.
Assim, a identidade social não só confere ao indivíduo uma noção acerca da sua posição dentro do grupo (papel) como também o auxilia na construção do seu autoconceito ou auto-imagem. Através da sua identidade social, o indivíduo passa a conhecer-se melhor, porque, na comunicação com os outros membros do grupo, é-lhe devolvida a imagem que os outros têm dele. Além disso, cada um de nós vai comparando o que os outros sabem sobre nós com o que cada um sabe de si.
Por outro lado, a identidade social é reforçada pela diferenciação resultante da comparação com outros grupos externos, ou exogrupos, que, por oposição e contraste, nos levam a reforçar a representação social (do nós) e individual (do eu).
A coerência entre as nossas identidades, pessoal e social, aumenta a nossa autoconfiança.
Categorização social
Para Gordon Willard Allport categorizar é incluir pessoas e acontecimentos singulares em conjuntos familiares; integrar num conjunto máximo de informação, economizando estratégias de pensamento e facilitando a atuação na realidade; identificar objetos e acontecimentos portadores de marcas ou sinais próprios das categorias em questão; atribuir aos objetos caracterizados um complexo de ideias e emoções que passa a permanecer em cada um deles.
Segundo Henri Tajfel a categorização é um «Conjunto de processos psicológicos que tendem a ordenar o ambiente em categorias: grupos de pessoas, de objetos, de acontecimentos … enquanto equivalentes uns aos outros pela ação, as intenções, as atitudes de um indivíduo».
A categorização permite generalizar as características de uma categoria a todos os objetos, pessoas ou situações que a compõem. Orienta e serve de guia para a nossa ação, reduzindo a complexidade do mundo social.
Conflito
Pode-se definir conflito como uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis.
O conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes.
A insatisfação pode ter várias origens: divergência de interesses, competição pelo poder, incompatibilidade de objectivos, partilha de recursos escassos, desacordo de pontos de vista…
A situação de conflito pode assumir o carácter de conflito intrapessoal (conflito interno), conflito interpessoal (conflito entre pessoas) e conflito intergrupal (conflito entre grupos).
Tipos de conflitos:
Conflitos Interpessoais
Cada um de nós vive quando está perante motivações que são incompatíveis numa perspectiva positiva. A vivência de conflitos marca crises que se manifestem em angústia e confusão, porque pomos em causa a forma como vemos e como estamos no mundo, pomo-nos mesmo em causa. O conflito intrapessoal é a situação na qual há pelo menos duas necessidades simultâneas em que a satisfação da primeira implica a insatisfação da segunda, impelindo a acção da pessoa para direcções diferentes, acarretando desconforto.
Conflitos Intergrupal
Os conflitos Intergrupal têm sido encarados de forma diferente. Conflito intergrupal é um conflito entre as pessoas que compõem um grupo.
Considera-se que os conflitos têm aspetos negativos, porque correspondem a períodos de tensão e de insatisfação das pessoas e dos grupos, e têm aspetos positivos, porque o confronto é gerador de mudança, que é o fundamento da evolução e do desenvolvimento social.
Conflito Interpessoal
O conflito interpessoal é a situação na qual duas ou mais pessoas divergem na percepção, proposta de acção sobre algum ponto em comum.
O conflito interpessoal pressupõe a tentativa de defesa dos seus interesses e da sua opinião e em oposição provar á outra parte que está errada. Muitas vezes as pessoas recorrem a troca de insultos, tentam responsabilizar o outro, humilhações, etc. Este tipo de comportamento desencadeia um plano emocional negativo e leva as partes á acções extremas. No âmbito de um conflito torna-se difícil lidar com as suas emoções. Muitos indivíduos, mesmo após o conflito, continuam durante um prolongado período de tempo a sentir emoções negativas.
O conflito interpessoal é resultado de ausência de concordância no sistema de interacção entre as pessoas. Começam a surgir pontos de vista, interesses, opiniões diferentes em relação aos mesmos problemas que naquela etapa de relacionamento representa um perigo para a interacção saudável.
Em suma, os conflitos são uma realidade e podem ser úteis nas diferentes instâncias, isto porque impedem a estagnação e estimulam o surgimento de ideias e estratégias.
Contudo apesar de os conflitos incrementarem um carácter pernicioso, estes também possuam um carácter positivo inerente à vida social do Homem.
Comportamento prossocial
Para os psicólogos sociais, comportamento prossocial é uma série de condutas humanas que dizem respeito ao benefício de outras pessoas. A gentileza é um tipo de conduta prossocial, que se refere, na grande maioria das vezes, às interações que temos no dia-a-dia de forma direta ou indireta com outras pessoas que habitam o mesmo ambiente sócioespacial em que vivemos.
Comportamento antissocial
O comportamento antissocial é caracterizado pelo desprezo ou transgressão das normas da sociedade, frequentemente associado a um comportamento ilegal.
Ter comportamentos antissociais em certos momentos não indica necessariamente um transtorno de personalidade anti-social (também conhecido como psicopatia ou sociopatia). Indivíduos anti-sociais, frequentemente, ignoram a possibilidade de estar a afetar negativamente outras pessoas, por falta de empatia com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos anti-sociais incluem crimes sérios, tais como o homicídio, a piromania, o furto, o vandalismo, bem como infrações mais leves, nomeadamente críticas cruéis, bullying, sadismo, desrespeitar a privacidade e dizer palavrões.
O termo antissocial também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, como a fobia social, introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinónimo do termo "antissocial" referente à psiquiatria, o mais correto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo misantropia). Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes agressivas contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.